Atlético-MG
América-MG: A História de um Clube Centenário no Futebol Brasileiro

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Há mais de 110 anos, parte de Minas Gerais é verde. O América-MG é um dos clubes mais tradicionais não apenas do futebol mineiro, mas veste uma das camisas mais pesadas de qualquer time brasileiro.
Ao longo desses muitos anos, o clube viveu altos e baixos, mas ostenta uma história rica e marcante, que o consolidou no alto nível do futebol nacional.
O Coelho coleciona momentos inesquecíveis ao lado de sua fiel torcida. Assim, o clube acumula glórias a nível estadual e também já viveu grandes experiências a nível nacional e internacional. E vamos revisitar um pouco da história desse gigante do futebol mineiro.
Hoje, o clube tem a terceira maior torcida de Minas Gerais, atrás apenas de Atlético e Cruzeiro, adversários com que nutre grandes rivalidades.
Mas o América-MG ainda ostenta marcas que os rivais não alcançaram, como os recordes de participações e de títulos em sequência no Campeonato Mineiro.
E, ao longo dessas conquistas, o Coelho ainda acumulou ídolos que ajudaram a construir e moldar a história do futebol mineiro e sua própria história, que voltou aos tempos de glória na atualidade.
Novamente consolidado no cenário nacional, o América teve uma estreia recente na Libertadores e espera dar passos maiores nos próximos anos.
Fundação e Origem do Coelhão
O América Futebol Clube é um caso raro no Brasil. O Coelho é um dos poucos times de futebol do país que mantém o mesmo nome completo e o mesmo desenho do escudo desde a fundação, que aconteceu em 30 de abril de 1912.
O clube nasceu de jovens da elite belo-horizontina, encantados pelo esporte que começava a se espalhar pela cidade.
A escolha do nome saiu em um sorteio. As outras opções eram Arlequim, Guarany e Tymbiras. Ficou América. A escolha do verde e do branco como cores veio também por sorteio e o preto entrou no estatuto no ano seguinte.
Ainda em 1913, o América se fundiu ao Minas Gerais FC e recebeu uma leva de jogadores que saíram do Atlético por dissidências.
Em 1914, inclusive, veio a primeira vitória naquilo que entendemos hoje como um clássico mineiro: 1 x 0 sobre o Atlético, que já era uma das forças do futebol mineiro.
E pouco depois começaria a maior era de glórias na história americana. O time de 1915 voltou a conseguir vitórias marcantes e o de 1916 venceu o Campeonato Mineiro pela primeira vez.
Depois, a sequência de títulos verdes foi longa. O América venceu todos os estaduais até 1925, acumulando 10 taças em sequência. Essa é a maior série de títulos regionais no futebol brasileiro, empatada com a do ABC no Rio Grande do Norte, entre 1932 e 1942.
Em 1919, o América inaugurou o primeiro campo gramado da cidade de Belo Horizonte. Dez anos depois, com o dinheiro da venda do terreno – onde hoje fica o Mercado Municipal – o clube comprou um novo terreno, que virou sede de um novo campo.
Em 1946, com novas estruturas, aquele se tornou o estádio da Alameda.
Antes disso, na década de 1930, o debate sobre a profissionalização do futebol chegou em peso a Minas Gerais, mas o América-MG foi um ferrenho defensor da manutenção do amadorismo.
Assim, em protesto, o clube trocou suas cores e usou uniformes vermelhos por 10 anos. Esses foram tempos de poucas conquistas.
Mas o Alameda trouxe de volta os bons tempos, com o título invicto no estadual de 1948. Dali em diante, os títulos seguiram chegando, mas de forma esparsa, sem lembranças da histórica sequência do decacampeonato.
Além daquela marca, o América-MG nunca foi bicampeão no futebol mineiro.
Os anos 1960 trouxeram uma marca triste para o Coelho. O departamento de base do clube foi fechado em 1964. Os times jovens até retornaram no ano seguinte, mas já era tarde.
O América já tinha perdido nomes como Tostão Hilton Oliveira, que foram montar uma das gerações mais vitoriosas da história do Cruzeiro e fragilizaram muito o elenco americano.
Assim, o time entrou em uma de suas piores fases justamente no início da era Mineirão no futebol mineiro.
Foram 37 anos com apenas um título relevante, o estadual de 1971. O time entrou em crise financeira, venceu parte de seus patrimônios, inclusive o estádio, e chegou até a sair de Belo Horizonte, se mudando para a cidade vizinha de Contagem.
A reestruturação americana vem entre as décadas de 1980 e 1990. O time investiu forte na base e em reforços, conseguiu o vice-campeonato na Série C de 1990 e, dois anos depois, subiu à Série A.
O título mineiro voltaria a chegar em 1993, após um jejum de 22 anos. Mas uma disputa judicial naquele ano tirou o time por duas temporadas dos torneios da CBF.
Quando volta às disputas nacionais, o América segue oscilando entre as Séries A e B, com direito a um título na Segundona de 1997.
O novo século começa com o título estadual de 2001, mas o clube é rebaixado à Série B naquele mesmo ano e inicia um novo período sombrio em sua história.
Nos anos seguintes, o América caiu até a Série C e foi rebaixado ao Módulo II do Campeonato Mineiro em 2007, voltando à elite no ano seguinte, com título.
A nova reconstrução nacional começa em 2009, com o título da Terceira Divisão, para onde o Coelho nunca mais voltou desde então.
A década de 2010 é de nova consolidação americana.
Assim, o time venceu mais um Mineiro e mais uma Série B, voltou a oscilar entre as duas primeiras divisões nacionais, conseguiu sua maior sequência na elite e fez sua estreia em competições internacionais, debutando na Libertadores em 2022 e na Sul-Americana em 2023.
Arena Independência
Parte dessa história de sucesso do América-MG acontece no Independência. O estádio foi inaugurado em junho de 1950, para a Copa do Mundo daquele ano.
O palco pertencia ao Governo de Minas Gerais, mas o órgão abriu mão do estádio após a inauguração do Mineirão. Assim, o Independência foi repassado ao Sete de Setembro.
Em 1989, o América acertou um contrato para o uso do estádio por 30 anos, estendido depois para mais cinco décadas. Mas antes mesmo do fim do primeiro prazo, o Coelho incorporou o Sete de Setembro e registrou o Independência como sua propriedade.
Todas as conquistas dessas últimas décadas já foram lá no Horto.
No início de 2010, o estádio foi fechado para reformas, sendo demolido e reinaugurado no fim de 2011, para ser palco do novo momento histórico do clube, que virou frequente na elite.
A obra, financiada pelos governos federal e estadual, ficou orçada em R$ 125 milhões. Desde então, Atlético e Cruzeiro também vêm usando com frequência a arena americana.
Ídolos Históricos
Sendo uma das forças do futebol brasileiro, o América-MG já soma 16 Mineiros, duas Séries B, uma Série C, uma Copa Sul-Minas e um Módulo II do estadual. Isso além de outras conquistas menores, como 13 torneios início e uma Taça Minas Gerais.
Nessa história vitoriosa, não há como não acumular ídolos na história americana.
São nomes como Satyro Taboada, Euller, Gunga, Jair Bala, Palhinha, Milagres, Juninho, Fábio Júnior, João Ricardo, Gaia, Tonho, Givanildo Oliveira, Wellington Paulo, Dênis, Juca Show, Jardel, Gilberto Silva, Pintado, Alessandro, Tupãzinho, Flávio Lopes, Éder Aleixo, Fred, Telê Santana e Tostão.