Entrevista
Novo insucesso na Série D, elenco e mudanças internas: presidente do Retrô faz balanço da temporada
Laércio Guerra concedeu entrevista exclusiva ao Click Esportivo
O Retrô bateu na trave em mais uma temporada e não conseguiu o sonhado acesso de divisão. Nos pênaltis, diante do Maranhão, a equipe pernambucana viu a chance de crescer – ainda mais – no futebol brasileiro escapar. O resultado fez com que o alto investimento no elenco ficasse pelo caminho. Nomes como o do experiente atacante Fernandinho, ex-Grêmio e Flamengo, e do volante Jean, ex-Palmeiras, por exemplo, estiveram presentes no grupo.
Em entrevista ao Click Esportivo, Laércio Guerra, o presidente azulino Laércio Guerra fez balanço do ano para a Fênix, assumiu erros cometidos, projetou mudanças internas e mirou um 2024 diferente.
Abaixo, confira conversa com o mandatário do Retrô:
Você colocou o acesso à Série C como obrigação em razão do investimento feito. Qual o saldo esportivo que fica de ter batido na trave?
R_ Não culpo tanto o elenco em relação ao não acesso. Acho que foi um aprendizado para mim e tenho como principal falha, neste ano, eu não ter aberto os olhos, junto à comissão, para falhas que existiam na equipe. Mas fica o aprendizado. Entendo, sim, que tínhamos a obrigação de subir.
Pode ter faltado experiencia ou sensibilidade mesmo para perceber fragilidades já desenhadas no time. Situações, inclusive, que já vinha sendo dita e delineada por muitas pessoas. Mas treinador e direção não tomaram a decisão oportuna de fazer a mudança. Calhou que perdemos a classificação por falhas nossas.
Não estávamos atento e nos custou a classificação. Uma coisa desastrosa, sim, mas não baixamos a cabeça e vamos refazer o ano atuando nestes pontos que foram fundamentais para a gente não subir.
E financeiro? Quando se coloca na balança do investimento feito e o resultado, o que fica?
R_ O Retrô é, financeiramente, um clube saudável. Mas a gente perdeu o ano. Não fizemos um clube para poucos anos. E nem é um clube de temporada ou verão. Fizemos um clube que queremos que permaneça no cenário brasileiro por muitos anos. Então, quando esse time não sobe, pelo investimento que a gente fez, entendemos que é um ano perdido.
Mas isso não diminui em nada o desejo de se refazer no próximo ano o investimento igual, ou quiçá maior, mas que a gente consiga esse tão almejado acesso. Segue sendo o grande objetivo do clube para a próxima temporada.
O Retrô anunciou saídas, inclusive do treinador Marcelo Martelotte. Para o comando, o que o clube busca pensando em 2024?
R_ Anunciamos a saída do treinador porque entendemos que a diretoria teve parte, sim, no não acesso, mas a comissão técnica também. Pelo investimento que existiu, era obrigação subir de divisão. Estamos em um processo bem avançado e tudo indica que nesta semana, no mais tardar a outra, estejamos com um nome fechado.
Perdemos a classificação no sábado, tivemos o domingo de luto e na segunda já começamos a replanejar o clube para 2024. Aqui não tem espaço para choramingo. Não vamos nos abater por um não acesso. Sabemos que foi doloroso, justamente por entender que o nosso time estava um pouco acima para a divisão. Mas, como falei, erramos em pontos específicos. Não agimos no momento certo.
Fernandinho é uma das prioridades de renovação. Essa situação é considerada encaminhada no clube?
R_ Todos os atletas ficaram à disposição para renovar. Fizemos uma reunião com a direção. Renovamos com 17 atletas que ficaram. Temos, hoje, um elenco de 22 atletas. Subimos cinco atletas da base para compor o grupo. Agora, estamos correndo agora para contratar de oito a 10 atletas. Vamos definir o treinador para seguir com esse processo.
Fernandinho é um jogador que tem contrato com a gente até 2026. Ele é uma prioridade. Logo após o jogo, apesar de todos os problemas, ele já se colocou à disposição. Nós, do Retrô, também tivemos total interesse. Está renovado.
Qual o perfil de contratações pensando nos desafios da próxima temporada?
R_ Esse ano entendemos que montamos uma equipe de Série C para brigar pelo acesso. Para 2024, devemos montar um time de Série B para jogar a D. Então, já estamos em contato com alguns atletas, que estão performando bem na Série B, inclusive. Apesar de estarmos jogando uma Quarta Divisão, o mercado do futebol entende que não somos um clube de Série D. Caso do próprio Fernandinho, por exemplo.
Vamos trazer alguns atletas com nível de Série B, sim, para brigar, inicialmente, pelo Estadual. É um título que estamos buscando. Depois, concentrar forças na Copa do Brasil e na Série D.
A queda do Retrô, junto à eliminação do Náutico, fez com que o Sport fosse o único clube pernambucano ainda com calendário. E ainda estamos em setembro. Como você enxerga o atual cenário vivido pelo futebol de Pernambuco?
R_ Entendo que a FPF, e não estou aqui para defender, não tem culpa de nada. O culpado do não acesso do Retrô é Laércio, do não acesso do Santa Cruz é o presidente deles e o do não acesso do Náutico, Diógenes. A gente não pode transferir a responsabilidade dos clubes para a Federação. Ela nos apoiou bastante na Série D. Temos que parabenizar a gestão do presidente Evandro.
Acho, inclusive, uma falta de responsabilidade, inclusive dos meios de comunicação, de imputar a ele (Evandro) uma responsabilidade que não é dele. A responsabilidade dele é gerir o Pernambucano e ajudar os filiados nas disputas nacionais. Não vejo problema na FPF. Nós, clubes, devemos assumir a responsabilidade de melhorar.