Grafite, ídolo do Santa Cruz que também fez história na Alemanha

Ex-atacante conquistou títulos inéditos para o Santa Cruz e o Wolfsburg-ALE

Um goleador carismático, que vestia a camisa e representava o espírito do torcedor em campo. Grafite conquistou diversos títulos e feitos individuais ao longo da carreira. Mas um dos seus orgulhos foi ter conquistado milhões de torcedores mundo afora.

Ídolo do Santa Cruz e do Wolfsburg-ALE, o atacante também tem no currículo a disputa da Copa do Mundo de 2010. Foi um centroavante de imposição física, força e velocidade, além de ser perigoso dentro da área.

Saiba mais sobre a história de Grafite aqui, em mais um perfil do Click Esportivo. Confira a trajetória do ex-jogador que é um dos maiores ídolos da história do Tricolor Pernambucano e dos Lobos alemães.

Quem é Grafite?

Edinaldo Batista Libânio, o Grafite, nasceu no dia 2 de abril de 1979, em Jundiaí, no estado de São Paulo. O município fica a 57 quilômetros da capital paulista.

O ex-atacante nunca fez categoria de base. Jogou na várzea e sempre buscou no futebol uma oportunidade de mudar a vida dele e da família. Ele fez testes por diversos clubes do interior paulista, desde cedo, mas recebeu vários ‘nãos’.

Ele teve que começar a trabalhar também e vendia sacos de lixo na época em que acabou aceito no teste da Matonense-SP, onde iniciou a carreira em 2001, aos 22 anos.

Chegou conhecido como Dina, mas ganhou o apelido de Grafite, dado pelo técnico Estevam Soares, que tinha um amigo com o mesmo apelido e que era parecido com o atacante.

Por lá começou sua trajetória, passando também pela Ferroviária-SP até chegar ao Santa Cruz. Mal havia começado a carreira, já iria jogar a Série A. No Tricolor, ele deixou uma boa impressão. Se destacou no time que acabou rebaixado para a Série B.

Pelas boas atuações, foi vendido ao Grêmio, mas não conseguiu se firmar no Imortal. Dessa forma, voltou por empréstimo ao Santa Cruz, na Série B, e deslanchou. Foram 11 gols em 15 jogos disputados com o Mais Querido, batendo na trave pelo acesso à Série A.

Depois disso se transferiu para o Anyang Cheetahs, da Coreia do Sul. Foi uma passagem curta em 2003, onde ele retornou no mesmo ano para o Brasil para defender o Goiás. Ele foi bem no Esmeraldino e chamou a atenção do São Paulo, que o contratou em 2004.

Grafite teve uma grande passagem pelo Tricolor Paulista, onde teve vários fatos marcantes. Conquistou Libertadores, Campeonato Paulista e Mundial de Clubes. Mas também teve várias histórias que são lembradas até hoje.

Uma delas foi o fato dele ter marcado os dois gols da vitória do São Paulo em cima do Juventus-SP, no Paulistão de 2004, que salvaram o Corinthians do rebaixamento. Em 2005, foi um dos destaques na conquista da Libertadores, sendo o artilheiro do time até as oitavas de final.

Grafite também ficou marcado por um caso de racismo que sofreu, também em 2005, quando foi chamado de “negro de m****” pelo zagueiro argentino Desábato, num jogo contra o Quilmes-ARG, no Morumbi.

O ex-centroavante empurrou o rosto do zagueiro e acabou expulso. Depois, no fim do jogo, o argentino foi conduzido à polícia pelo crime de injúria com agravante de racismo.

Grafite diz que não queria que tudo tomasse aquela proporção, porque ele se viu apoiado no início, mas abandonado no decorrer do processo. Toda essa situação teria trazido mais coisas ruins do que boas para ele, como alegou em entrevistas.

Em 2006, acertou sua ida para o Le Mans-FRA, onde jogou por pouco mais de uma temporada até ser negociado com o Wolfsburg. Por lá, Grafite viveu seu auge. Chegou em 2008 e saiu em 2011 como ídolo e 2º maior artilheiro da história do clube, com 59 gols, atrás apenas do seu companheiro de ataque Dzeko.

Grafite teve a conquista da Bundesliga 2008/2009, sendo o artilheiro da competição com 29 gols marcados. Além disso, ao lado de Dzeko, formou a dupla com mais gols na história do Campeonato Alemão, com 54 gols. Recorde que dura até hoje.

Outro feito é que eles dois foram eleitos em 2014, pelo site oficial da própria Bundesliga, como a maior dupla de ataque da história da competição. A campanha do título ficou marcada também por um golaço que Grafite marcou contra o Bayern de Munique, que foi indicado ao prêmio Puskás, da Fifa.

No Wolfsburg, ele também disputou Champions League e, pelo seu desempenho, foi convocado para disputar a Copa do Mundo de 2010, na África do Sul.

Naquela edição, Grafite entrou em campo uma vez, diante de Portugal. Antes, havia sido convocado pelo técnico Dunga para um amistoso contra a Irlanda, em fevereiro de 2010, e “ganhou” ali a vaga, onde o treinador optou por ele no lugar de Adriano.

Ao todo foram quatro jogos pela Seleção Brasileira, sendo o gol marcado no primeiro deles, em 2004, quando defendia o São Paulo. Grafite foi convocado para amistoso contra a Guatemala, que marcou também a despedida de Romário da Amarelinha.

Depois disso, Grafite teve uma passagem bastante goleadora também pelo Oriente Médio, onde jogou pelo Al Ahli, dos Emirados Árabes Unidos, e pelo Al-Sadd, do Catar. Foram quatro anos no primeiro clube e quase um ano completo no segundo, até acertar sua volta para o Santa Cruz, em 2015.

Grafite nunca escondeu todo seu carinho pelo Tricolor do Arruda. Clube que o deu projeção em duas oportunidades, onde ele saiu como ídolo e voltou com ainda mais idolatria. Poderia escolher vários clubes na Primeira Divisão, mas voltou para jogar a Série B pelo Santa.

Depois de ser recebido com pompa, chegando ao Arruda de helicóptero e sendo apresentado para mais de sete mil torcedores, ele reestreou contra o Botafogo e marcou um belo gol de cabeça, dando a vitória por 1 x 0 no Arruda.

Ele marcou sete gols naquela campanha, onde o Santa Cruz foi vice-campeão da Série B. Conquistou o acesso e o bom momento seguiu em boa parte de 2016.

Conquistou o inédito título da Copa do Nordeste pelo Tricolor, sendo protagonista. Também ganhou o Campeonato Pernambucano do mesmo ano, realizando o sonho de levantar troféus com o Tricolor.

Na Série A, depois de um início arrasador, com seis gols em três jogos, ele passou por uma má fase. Somado a isso, a crise financeira do Santa pesou para o rebaixamento ao fim do ano. Ainda assim, Grafite foi o vice-artilheiro da Série A, com 13 gols.

No ano seguinte, acertou com o Athletico Paranaense, mas não conseguiu manter o mesmo nível e deixou o clube no meio do ano, retornando para o Santa Cruz. Infelizmente, Grafite não conseguiu evitar a queda do Tricolor para a Série C em 2017.

Convivendo com muitas lesões, ele chegou a iniciar a pré-temporada de 2018 como Santa. Porém, optou depois por encerrar a carreira, aos 37 anos. Com muita idolatria, apesar de um último ano não tão bom, a história do velho “Dina” estava escrita para sempre.

Atualmente ele é comentarista dos canais Globo, com participações recorrentes em programas e transmissões de jogos de futebol pelo SporTV e Premiere.

Onde Grafite jogou?

O ex-atacante jogou em 12 clubes ao longo de 17 anos de carreira. Grafite jogou por Matonense-SP, Ferroviária-SP, Santa Cruz, Grêmio, Anyang Cheetahs-COR, Goiás, São Paulo, Le Mans-FRA, Wolfsburg-ALE, Al Ahli-EAU, Al-Sadd-CAT e Athletico Paranaense.

Quais os títulos de Grafite?

Grafite conquistou 10 títulos ao longo da sua carreira. Ele foi campeão da Libertadores, do Mundial de Clubes e do Campeonato Paulista pelo São Paulo, todos em 2005.

O ex-centroavante venceu o Campeonato Alemão (2008/2009) pelo Wolfsburg. Em 2016, levantou o troféu da Copa do Nordeste e o Campeonato Pernambucano pelo Santa Cruz.

Pelo Al Ahli-EAU, Grafite conquistou duas vezes a Supercopa dos Emirados Árabes Unidos (2011/2012 e 2013/2014), uma vez o Campeonato Emiradense (2013/2014) e uma vez a Liga do Golfo Árabe (2013).